sexta-feira, 25 de março de 2011

"Morte sem pena"




ttp://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/03/presos-seis-pms-que-balearam-adolescente-no-amazonas.html

As últimas semanas nos vem com notícias, ou melhor, desgraças noticiadas. Não é de hoje que os jovens são tratados como se vê nos canais de tv, mesmo os mais reacionários. Não acredito que a esperança venha daí. "A esperança não vem do mar nem das antenas de tv" repitamos com os poetas cantores. A voz a ser ouvida não vai passar na tv, nem nos rádios. Não seremos televisionados!

Há uma chance no momento, pegar link e transformar em protesto, colar nas paredes os fatos, fazer textos e postá-los, ir dizendo onde dá. Dizer que na periferia de BH é tapa na cara, foguete de policiais comemorando o assassinato de quem eles nomeiam bandidos, olhares de poder pra quem não tem a arma ou o distintivo.

A mesma grande mídia que fez o "favor" de divulgar as notícias, tem programas diários que permitem a persuasão dos ouvintes/leitores em defesa da Redução da maioridade Penal, da intensa progapanda pela abstinência sem uma possibilidade da Redução de Danos! Veicula estereótipos, nomeia criminosos e inimigos.

A luta pelo verdadeiro entendimento do que seria a responsabilização(sim! RESPONSABILIZAÇÃO!) do adolescente, o conhecimento de medidas protetivas e também da situação em que anda a juventude, é muito pouco veiculada, mas tem muita gente por aqui! Como diria alguém por aí: nós ainda somos seis, mas ai deles quando formos sete!

Descobrir que a vida diária de grande parte da juventude brasileira já é uma "morte sem pena" endurece às vezes, o cotidiano embrutece quem tenta ir contra a maré ou destoar do coro dos contentes. A juventude está à mercê das disputas do consumo, dos poderes, das ideologias. Há promessas de grandes coisas, mas de poucas verdades históricas.

O caminho é tortuoso e longo, estamos apenas começando, e: Não voltaremos!

Contra o extermínio da juventude!

Contra a Redução da Maioridade Penal!

Pela democratização dos meios de comunicação!

Por uma cidade onde caibam todos e todas!

Laila, Frente de Juventude das Brigadas Populares

sábado, 19 de março de 2011

UMA TRAGÉDIA PARA OS NEGÓCIOS?
Virgílio de Mattos


(Nó borromeu lacaniano)

Logicamente que não poderia tratar de outra coisa, na entressafra de desgraças midiáticas entre o carnaval e a semana santa, sem que abordasse o tsunami da cobertura midiática sobre o evento idem.
A pouco vista NHK (aqui em casa só falamos uma meia dúzia de frases e a importantíssima: “tasketê dorobô ”) teve alguns programas de bate-papo difícil de entender, gente desdentada, faminta, sedenta e desesperada e não estávamos em nenhum BRIC ou país africano: era a poderosa economia do Japão que eu via sucumbir num mar de lama de água salgada e destroços. De engraçado mesmo só o braço de um técnico “vazando” reiteradamente no vídeo. Nada de reatores nucleares por aquele enquanto. Energia nuclear? Não, obrigado. Lembram-se da propaganda que fazíamos?
Mas uma coisa me chamou a atenção mais do que tudo: as hienas da “reconstrução”.
Um banco suíço falou em 50 bilhões (com bê mesmo) de dólares estado-unidenses e as hienas da “reconstrução” já viam “uma boa oportunidade de negócios”.
The Guardian, isso mesmo, aquele que disse que é a nossa legislação trabalhista que encolhe nossa economia e que o ideal é deixar, como dizia o escocês bandido, que a mão do mercado regule tudo, já vaticinou que é uma boa oportunidade para todos investir na “reconstrução” do Japão.
O que seria, então, uma tragédia? Uma tragédia não se escreve apenas com corações partidos, lares destruídos, incestos miúdos, heróis viajantes e mulheres suplicantes. Uma tragédia se faz com medo, desespero, destruição, mortes múltiplas e violentas.
Quem pode querer pensar em ganhar dinheiro com isso? Quem pode querer pensar em ganhar dinheiro em uma hora dessas?
Os mesmos de sempre.
O que seria, então, uma tragédia para os negócios? Que todo o dinheiro circulante se tornasse radioativo ou que a juventude começasse a ler mais Marx?
Confesso-lhes que quando ouço ou vejo as hienas da reconstrução verem oportunidade de negócios em tudo, sinto um pouco de vergonha em pertencer à raça humana. Esses ambiciosos mamíferos bípedes, com seus polegares opositores... Será que foram feitos só pra contar dinheiro?

Ich bin ja so mude!

* o grifo é de Laila



segunda-feira, 14 de março de 2011

É guerra agora?


É guerra agora?

A campanha contra um mísero mosquito; me desculpariam a ironia, mas apontar um canhão para um mosquito soa à um paradoxo, é a bola da vez em Minas. Não se sabe muito bem de onde surgiria uma idéia tão interessante, mas certamente ela vem de um processo não muito original, mas perfeito para uma sociedade em fúria! Ou com muito medo!
Escolher apontar armas, escolher dizer sempre está declarada guerra, guerra ao tráfico, guerra às doenças, e mais e mais, é escolher eliminar um suposto inimigo. Maria Lúcia Karam me permitiria uma alusão: "Quando a gente declara guerra a gente declara o outro inimigo, e o outro deve ser eliminado!" Respeitando aqui todos os processos de lutas por emancipação, todos os processos legítimos de reivindicação, seria absurdo fazer uma campanha pela saúde colocando uma sirene, um fundo vermelho, e uma frase de efeito: Agora é guerra! Talvez a carinha de anjo dos jovens selecionados para pregar os adesivos nos carros nos sinais de trânsito amenize a publicidade! Creio que o canhão, as armas estejam inconscientemente apontadas para as comunidades que guardam seus "lixos" nos porões(aqui lembrando que do luxo do capitalismo, sobrou o lixo para os deserdados do mundo!), ou, como diria hoje cedo o calouro de Educação Física na recepção, na bela construção coletiva no ICB:" O canhão deve estar apontado pra quem está doente né? Assim pra não contaminar mais ninguém?!" Ele fez ótima referência ao estereótipo do inimigo!
Confesso entender pouco de publicidade, confesso uma ironia que admite contrapontos, mas é necessário antes uma subida na ladeira, uma visita à casa do cidadão(creio que poucos ACS das equipes de Saúde da Família compartilhariam com as sirenes e as palavras de guerra!) é preciso adentrar na consciência, aproximar dos cotidianos e promover saúde com outra forma de ver a cidade, a população que a compõe!


* Maria Lúcia Karam em Seminário Jornada de Abstinência e Redução de Danos do CMT aludindo à canhões da marinha(ela disse: "Nunca pensei que a marinha tivesse canhões!") adentrando o Rio de Janeiro,em novembro de 2010


Laila, militante da Frente de Juventude das Brigadas Populares






sexta-feira, 4 de março de 2011

DIREITO À SAÚDE DE TODOS?*


Élida Lúcia Carvalho Martins, militante do Núcleo da Saúde das brigadas Populares e Laila Vieira de Oliveira, militante da Frente de Juventude das Brigadas Populares

O Brasil reconheceu o direito à saúde em 1988, após passar por um processo de redemocratização do país que há muito estava sob o regime militar. Se anterior à Constituição Federal de 1988, o direito à saúde era garantido aos trabalhadores com vínculos formais, após a Reforma Sanitária Brasileira ocorreu a universalização desse direito como sendo “de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” . A Reforma Sanitária Brasileira, iniciada na década de 70 do século XX, foi concebida como uma reforma social centrada em três elementos principais:
1) “Democratização da saúde, que implica a elevação da consciência sanitária sobre saúde e seus determinantes e o reconhecimento do direito à saúde, inerente à cidadania, garantindo o acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde e participação social no estabelecimento de políticas e na gestão;
2) Democratização do Estado e seus aparelhos, respeitando o pacto federativo, assegurando a descentralização do processo decisório e o controle social bem como fomentando a ética e a transparência dos governos;
3) Democratização da sociedade e da cultura, alcançando os espaços da organização econômica e da cultura, seja na produção e distribuição justa da riqueza, seja na adoção de uma totalidade de mudanças em torno de conjunto de políticas públicas e práticas de saúde, seja mediante uma reforma intelectual e moral.”
É possível, portanto, afirmar que, em sua concepção, o direito à saúde, positivado na Constituição Federal de 1988, faz parte de um processo civilizatório com princípios e valores que se quer para a saúde e para a sociedade brasileira . Ë uma mudança do reconhecimento do cidadão, bem como do exercício da cidadania. Por assim dizer, é possível inferir que a saúde é a relação que se estabelece no encontro individuo/indivíduo e indivíduo/coletivo dimensionada pelo biológico-social-econômico-cultural-político, em um determinado período histórico ,
É necessário entender o direito à saúde de forma ampla, com base no entendimento de que cidadania é um conjunto de direitos e deveres que conferem a uma pessoa o status de membro de uma sociedade democrática; e de que cidadão é aquele que participa da vida dessa sociedade, vota em seus governantes, usufrui dos direitos que a sociedade garante e assume, perante ela, uma série de obrigações . O direito à saúde compreende a autonomia do sujeito e da comunidade e suas vivências para conduzir, com liberdade, a sua própria saúde, sem discriminações, interferências e tratamentos não consentidos, favorecendo a produção da subjetividade ; participação na definição de políticas que visam à justiça social e mudança do status quo, tratando de forma diferenciada os diversos contextos socioeconômicos e culturais, diminuindo as desigualdades de oportunidades entre os indivíduos5; participação na gestão dos serviços entendendo que usuários, comunidade e profissionais devem criar espaços dialógicos de exercício de poder com o outro e não sobre o outro5, com objetivo de tomar decisões colegiadas que viabilizem a concretude das políticas de saúde adequadas aos diferentes contextos socioeconômicos e culturais; e, por fim, o acesso integral às ações e serviços de saúde, bem como aos recursos técnicos e científicos, que visam à promoção da saúde e à prevenção e recuperação das doenças, sejam elas físicas psíquicas ou sociais, e atendam às necessidades do indivíduo e da comunidade.
No Brasil, anterior à Constituição Federal de 1988, a Lei de Execução Penal - LEP n0 7.210 de 1984 estabeleceu a responsabilidade do Estado em garantir às pessoas em privação de liberdade alimentação e vestuário suficiente; atribuição de trabalho e remuneração; previdência social; recreação; visita de cônjuge; assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; entre outros direitos. Quanto ao direito à saúde, a LEP trata de assistência à saúde da seguinte forma:
“Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado deve ser de caráter preventivo e curativo, compreendendo atendimento médico, farmacêutico e odontológico.
§ 1º (Vetado).
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento.
§ 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.”
Com base no artigo 14 da LEP, podem ser destacados dois aspectos importantes relativos ao direito à saúde do preso: assistência e condição da assistência. O direito à saúde das pessoas em privação de liberdade, à revelia da CF/88, continuou sendo restringido à assistência médica, farmacêutica e odontológica, não havendo nenhuma mudança no que rege a saúde na LEP. A restrição a uma assistência, reduz o direito às medidas assistencialistas e prescritivas que não traduzem políticas sociais redistributivas e emancipatórias que garantam autonomia, justiça social, participação na construção e condução de políticas, produção de subjetividades, ou seja, o direito à saúde do preso não se traduz em cidadania ativa.
O outro aspecto importante é o da condição para assistência à saúde, definida no parágrafo segundo da LEP que fere as normas constitucionais e transforma o direito em “favor”, deslocando o preso da condição de sujeito de direito para a de objeto em transformação . A condição de autorização para se ter acesso a outros estabelecimentos de saúde impede a efetivação e o exercício do direito à saúde. A redução da vulnerabilidade ao encarceramento inicia-se pela restituição da dignidade humana que foi anteriormente subtraída da pessoa presa, mas esse não pode ser um gesto de benevolência ou favor, mas sim de respeito e exercício dos direitos . Outra vez percebe-se o poderio exercido pelo Estado Democrático de Direito que se contradiz quando, em cumprimento da lei deveria assistir, desassiste o encarcerado. O Poder do Estado se manifesta de forma fragmentada na garantia dos direitos do encarcerado, prevalecendo uma política que privilegia uma classe em detrimento da outra, ou mantém uma ordem estabelecida.
Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direitos e assumindo na Constituição Federal de 1998 que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”1,o voto passa ser o meio de exercício do poder do indivíduo ou da coletividade de decidir os rumos da nação, manifestando vontades, desejos e aspirações. Entretanto, a mesma constituição que prevê que o poder emana do povo por meio de seus representantes eleitos, impede as pessoas privadas de liberdade de exercer esse poder, enquanto governados, e, portanto, passam a ser desconsiderados da vida política do país, perdendo, além de sua liberdade, a cidadania .
Outro elemento é a participação na vida da sociedade e nas decisões políticas. Ao isolar as pessoas em privação de liberdade da vida em sociedade há uma perda da força de vontade e da auto responsabilidade econômica e social e, progressivamente, dos valores e padrões de comportamento da sociedade externa à prisão, ficando incapacitado de apreender a realidade do mundo externo10. Por estarem confinados se tornam invisíveis e ao serem estigmatizados pelos meios de comunicação de massa como “o inimigo”, há um grande sentimento de rejeição coletivo na sociedade. Propaga-se o pânico, é preciso construir um ideal de criminoso, assim se vislumbra a possibilidade garantidora do não acesso aos direitos além de permanecer o controle, de sofisticar-se a prática da pena. A pena não é algo novo nas relações sociais, a cada modo de produção ela acompanha essa ideia de inimigo construído socialmente. Além de não votarem, também não são representados em espaços que exercem controle social das políticas e ações estabelecidas inclusive para os próprios presos. O que leva a um não reconhecimento do cidadão preso por parte da sociedade civil que legitima a violação dos direitos cometida pelo Estado. Legitimação aqui entendida pelo viés da comunicação, de como a opinião é algo colocado na ordem do dia a partir da visão estereotipada do preso, através da construção do inimigo da sociedade, tudo isso por controlar de maneira quase total a comunicação e a difusão das ideias.
Quanto ao gozo do direito pelas pessoas presas não se pode assumir que há direito da pessoa presa, pois além de haver previsão legal para violação do direito, não há concretização do mesmo na vida cotidiana dos privados de liberdade considerando que o exercício do direito requer autonomia, participação e acesso, como anteriormente apresentado. Tratar os benefícios concedidos pelo Estado como um “direito” seria admitir que os direitos humanos são dados e, portanto, podem ser retirados, que não pressupõem sujeitos, podendo ser exercido sobre o outro de forma a transformá-lo em objeto “útil” e retirados sempre que se julgar necessário. A transformação “útil” retorna, novamente, em promover uma conduta padrão, um consenso. O consenso ou a busca dele tem muito pouco a ver com os direitos humanos. Os direitos humanos emergem da tentativa de inclusão jurídica generalizada dos dissensos estruturais de valores, de interesses, de expectativas, de linguagens dos indivíduos ou dos grupos que constituem uma sociedade. O consenso ou sua busca inclui os que concordam e aceitam a ordem e exclui os que discordam dela.
Consolidar a participação dos privados de liberdade na vida política e social adotando e garantindo, por exemplo, o direito do voto do preso; a participação dos presos ou de organizações da sociedade civil que os represente nos conselhos de saúde, são estratégias que retomam e reconhecem o status de cidadão das pessoas presas e garantem o exercício de sua cidadania, bem como consolidam o Estado Democrático de Direito de fato, além de permitir que se reformule o estereótipo de “inimigo”. É preciso pensar uma política de atenção à saúde que inclua todos os sujeitos do contexto carcerário – presos e agentes penitenciários – assumindo que a realidade do encarceramento traz consigo necessidades de saúde específicas e promovendo a formação de solidariedade, reduzindo a condição de vulnerabilidade em que estão inseridos os atores sociais do cárcere.
É importante retomar e universalizar os elementos centrais da Reforma Sanitária Brasileira de democratização da saúde, do Estado e da sociedade e da cultura como um processo civilizatório: de reconhecimento da pessoa humana como cidadão autônomo que goza dos direitos a uma vida digna e que participa ativamente na construção das políticas, dos valores e interesses sociais; de fortalecimento de um Estado que é responsável por garantir e efetivar os direitos e fomentar espaços de discussão dos vários interesses, valores, desejos, vontades das pessoas, dos grupos e dos sistemas, assumindo o dissenso estrutural; e, por fim, de reestruturação da organização social que privilegie a inclusão de todos no usufruto de toda a produção de riqueza.

* resumo de artigo, ainda a ser publicado

1. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS




BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. DF. 1988.

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AROUCA, A.S. Crise Brasileira e Reforma Sanitária. Divulg.Saúde Debate. N.4, p. 15-18. 1991.

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CARVALHO, S.R. & GASTALDO, D. Promoçao à saúde e empoderamento: uma refelxão a partir das perspectivas crítico-social pós-estruturalista. Ciências & Saúde Coletiva, 13 (Sup2): 2029 – 2040. 2008.

SAMPAIO, P.A. Cidadania e democracia. In: BEOZZO, José Oscar ( org.) . Curso de verão: ano VII. São Paulo: CESEP: Paulus, 1993, p. 13.

DALLARI, S.G. O direito à saúde. Revista de Saúde Pública. São Paulo, 22(1): 57-63, 1988.

MACHADO, M.F.A.S., et.al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS – uma revisão conceitual.Ciência e Saúde Coletiva. 12(2): 335-342. 2007.

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BARATTA. Crminología crítica y crítica del derecho penal: introducción a la sociologia jurídico penal.1a ed.1a reimp. Buenos Aires: Siglo XXI Editores Argentina. 2004.
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FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes. 4a ed. 1986.

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terça-feira, 1 de março de 2011

O cotidiano da revolta*

O cotidiano da revolta*

O gênero pede as cotidianidades, elas podem ser muitas, em tempo de tudo pode ser, ou de pode ser o que nos dão na revista, no rádio, na TV! O cantor diria:” Tá na CARAS, ta na capa da revista!” Mas no momento não é pop quem morre, o cotidiano é a violência, e se ela é a crista da onda, na nossa onda ela é divulgada com outras vozes, outros olhares.

Uma mensagem no meu celular, e, já não dou conta da sensação horrível de saber que não posso mais fazer nada(dentro do ônibus, à noite, uma chuva! E além disso um trânsito desgraçado! Se me permite o espaço), já está morto, já há um toque de recolher! Nunca estive num lugar assim, nunca presenciei a terrível cena de não poder me locomover, mas aos quatorze anos presenciei, há alguns metros de mim e de uma amiga, um jovem, um vizinho em Sabará ser assassinado. É impressionante como a bala, o fogo a pólvora nos derrubam com uma rapidez que agride. Éramos, depois do estrondo já não somos. Outro poeta diria: “depois da queda, o coice”, estamos tomando vários nos últimos dias!

Voltando à mensagem, à notícia, em palavras colocadas uma atrás da outra com fúria(ler a notícia de uma morte é muito duro!) de quem esteve bem perto, dizendo do que passou, eu tentando telefonar, nenhum sinal, as operadoras tão “bem intencionadas” pra vender os malditos celulares, nessa hora não nos valem! Os fixos um chiado que não permite que a voz seja entendida, nem mesmo podem saber como está entalada na garganta.

Não houve uma linha, não encontro neles, os jornais virtuais algo que diga daquele morto, daquele povo. Talvez porque aquele povo não tenha se rebelado? Ou o morto seria um troféu? Ou será que não vale a pena uma nota, uma capa? Não! Não vale! O que vale é a verdade de sabermos que alguém sabe, alguém o está enterrando, há por trás desses nossos mortos de todos, de cada dia, noticiários de outras possibilidades. Nós estamos certos de que a coisa muda. Faltam algumas peças, falta saber encaixar o quebra-cabeça da realidade, mas é certo que essas mortes apontam pra alguma vida. A juventude assassinada aponta pra nossa urgência no agir. A hora mensagem a inércia do terror, mas a revolta e a raiva devem ser motivadores de algo mais.

* sobre assassinato, não importa de quem, no Bairro Paulo VI, sobre a falta de (in)formação acerca dos fatos. E também sobre a possibilidade de algo além da morte, nesta vida.

Laila, militante da frente de juventude da Brigadas Populares