Virgílio de Mattos
(Nó borromeu lacaniano)
Logicamente que não poderia tratar de outra coisa, na entressafra de desgraças midiáticas entre o carnaval e a semana santa, sem que abordasse o tsunami da cobertura midiática sobre o evento idem.
A pouco vista NHK (aqui em casa só falamos uma meia dúzia de frases e a importantíssima: “tasketê dorobô ”) teve alguns programas de bate-papo difícil de entender, gente desdentada, faminta, sedenta e desesperada e não estávamos em nenhum BRIC ou país africano: era a poderosa economia do Japão que eu via sucumbir num mar de lama de água salgada e destroços. De engraçado mesmo só o braço de um técnico “vazando” reiteradamente no vídeo. Nada de reatores nucleares por aquele enquanto. Energia nuclear? Não, obrigado. Lembram-se da propaganda que fazíamos?
Mas uma coisa me chamou a atenção mais do que tudo: as hienas da “reconstrução”.
Um banco suíço falou em 50 bilhões (com bê mesmo) de dólares estado-unidenses e as hienas da “reconstrução” já viam “uma boa oportunidade de negócios”.
The Guardian, isso mesmo, aquele que disse que é a nossa legislação trabalhista que encolhe nossa economia e que o ideal é deixar, como dizia o escocês bandido, que a mão do mercado regule tudo, já vaticinou que é uma boa oportunidade para todos investir na “reconstrução” do Japão.
O que seria, então, uma tragédia? Uma tragédia não se escreve apenas com corações partidos, lares destruídos, incestos miúdos, heróis viajantes e mulheres suplicantes. Uma tragédia se faz com medo, desespero, destruição, mortes múltiplas e violentas.
Quem pode querer pensar em ganhar dinheiro com isso? Quem pode querer pensar em ganhar dinheiro em uma hora dessas?
Os mesmos de sempre.
O que seria, então, uma tragédia para os negócios? Que todo o dinheiro circulante se tornasse radioativo ou que a juventude começasse a ler mais Marx?
Confesso-lhes que quando ouço ou vejo as hienas da reconstrução verem oportunidade de negócios em tudo, sinto um pouco de vergonha em pertencer à raça humana. Esses ambiciosos mamíferos bípedes, com seus polegares opositores... Será que foram feitos só pra contar dinheiro?
Ich bin ja so mude!
* o grifo é de Laila
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