sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

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Se não fosse pela voz de Lenine[1] seria por Eduardo Galeano[2], mas se por um lado um diz com gente é diferente, o outro dos deserdados indígenas, mortos aos milhares, tornados escravos nas montanhas ou em outros lugares da América Latina. Com gente não é diferente, apesar de ser em alguns momentos quando se perde a paciência[3] . Os acontecimentos são tantos e veem de tão longe que gente mesmo vai se tornado gado, tangido, morto, marcado. Às vezes morre o filho e a mãe fica marcada, às vezes é marcado o menino, e a mãe é uma tangida.
As palavras são sempre insuficientes e mostradas talvez de maneira parabólica, mas a mãe que sozinha desce o morro e entrega o filho é porque tangida prefere ele marcado porque morto, é disso que falamos. Nós que marcamos de outra forma, a gente prefere solto, que marcado pela pena, a privativa de liberdade principalmente! E com propostas APACianas é claro! A gente prefere em cortejos que marcado pelos muros do manicômio, a gente prefere em sambas ou elaborando à sua maneira o seu delírio que cumprindo a medida de segurança. Segurança???
Impressionante é poder marcar a vida com outros olhares, porque se como gado só se olha pra frente, não é possível construir. Aí começa a esbanjar na tecnologia da informação palavras como: “não gasto um minuto da minha paciência com drogados”[4], ou manter programações inteiras que comovem com cenas violentas que podem fortalecer projetos que continuarão mantendo a juventude pobre como o alvo da força, sendo o inimigo e tendo de ser mais que tangida exterminada[5].
As pessoas tem se cansado, mesmo que aos poucos, tem perdido a paciência, mesmo que ainda não entendido por completo a mentira que se esconde atrás da reportagem: “Polícia recupera território!”, pois se esse território ali não; talvez outro. Não seríamos a sociedade do consumo se este território ou muitos outros não comercializasse o veneno do diabo, ou o produto que é um pharmacon, que traz em si a dubiedade da cura e do malefício[6]!
Os trabalhadores alcançam aos poucos o lugar que é seu por direito e porque não tem nada a perder[7]! Porque mais que fomentar as estatísticas do mal! Somos o mal! Não nos interessa uma ou outra definição porque a construção e história sempre são mais profundas que a aparência, porque no fim “gado a gente marca tange, ferra, engorda e mata. Mas com gente é diferente...”

Laila, militante da Frente de Brigadas Juventude das Brigadas Populares

1- Canto de Lenine (música de Geraldo Vandré e Theo de Barros) no Voa Viola, evento a preço popular(?) se não fossem os cambistas e a dificuldade de ultrapassar as barreiras ideológicas que são as portas do palácio das Artes
2- Sobre Veias abertas da América Latina, e os deserdados de ontem e de hoje que perdem os seus territórios, mais que os traficantes os moradores!
3- Uma canção de Lenine ou um poema de Mauro Luis Iasi, “Quando os trabalhadores perderem a paciência”
4- Fala de Agnaldo Silva sobre Fábio Assunção, mas mais que isso milhares de outros usuários não pertencentes à classe de ambos, pela Redução de Danos e não à abstinência forçada.
5- Sobre programação nos últimos meses de Globo(Malhação), Record e bandeirantes que se esforçaram em uma campanha abstrata ou não pela Redução da Maioridade Penal.
6- Sobre fala do argentino Fábio Naspartek, em Jornada do CMT: Abstinência e redução de danos.
7- Marx em o Manifesto do Partido Comunista

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