Sentada à beirada do caixão, a mãe. Ao lado dele várias adolescentes, a maioria delas participantes da mesma igreja evangélica(mesmo local onde se vela o corpo) que a mãe do morto.
Na notícia online somente informações evasivas, somente "acredita-se", "ninguém soube", a verdade só no olhar da mãe que parece acreditar que ele não deveria ter seguido aquele caminho, parece pensar que ele teria outra oportunidade.
Em pesquisa realizada pela UERJ, 46% das mortes dos jovens de 12 a 18 anos no Brasil são causadas por armas de fogo.* E ainda é apenas mais um homem. Seria mesmo um homem? 22 anos para nós que convivemos com ele no Bairro Borges em Sabará desde a década de 90. Seria mesmo um homem? O que dá à imprensa a clareza de que ali jazia um homem? A notícia é curta, curta também a distância do corpo até o peito da mãe engasgada, e de nós todos ainda desacreditados.
Temo que as mortes não se tornem luta(ou indignação necessária!), a morte parece causar mais inércia, porque é muito duro saber que se a cada ano morrem tantos, e se diz apenas mais um, nós precisamos fazer coro à voz do teólogo da libertação: "as estatísticas não sangram!"**
Contra a redução da maioridade penal!
Pelo fim do extermínio da juventude pobre, negra e de periferia!
Pela democratização dos meios de comunicação!
Laila, militante da Frente de Juventude-Brigadas Populares(MG)
** Jon Sobrino em: "Fora dos pobres não há salvação"
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