quarta-feira, 10 de junho de 2009

JUVENTUDE-CULTURA





A juventude não pode ser encerrada apenas pela determinação quantitativa de uma condição etária, ela se define especialmente como momento qualitativo em que o futuro da vida está sendo decidido. a juventude caracteriza-se pelo pico do conflito entre POTENCIAL CRIATIVO X BLOQUEIOS DO SISTEMA. Quando falamos e juventude da classe trabalhadora esse conflito soma-se ao maior conflito do sistema capitalista: CAPITAL X TRABALHO, isso porque a juventude se lança cada vez mais cedo no mercado de trabalho, devido a condição de penúria cada vez pior das famílias de origem popular. Por estar no momento da vida de tomada de decisões, com o futuro incerto e com o peso das contradiç+oes nas costas, estas decisões se dão sob forte tensão e sob figura da angústia.
A saída do homem moderno angustiado é a revolta. O que pode adquirir dimensões sociais explosivas. Mas essa revolta geralmente não se dá com um caráter estritamente político. Pode ser a mais despolitizada possível. Na verdade ela é a busca de uma nova forma de reconhecimento, alternativas a aquelas que o sistema bloqueou. É fundamentalmente a partir disso que a juventude vai se identificar pluralmente em diversas formas de reconhecimento: religião, modismo consumista, comunidades alternativas, nos esportes, na política, nas drogas, na violência, na apatia, no suicídio, na música e nas artes, nos movimentos culturais. Nada disso impedindo que tais manifestações se comuniquem ou se rearticulem de diferentes graus entre si.
Apesar do juízo simplista de uma certa esquerda, é socalmente superficial, historicamente falso e politicamente equivocado identificar a juventude com o progressismo. Na Alemanha nazista por exemplo a juventude nazista era muito mais numerosa do que a juventude socialista do grande Partido Social Democrata de Kautsky e Rosa Luxemburgo.
Contra a visão de que a juventude é algo quase "naturalmente" progressista-que bastaria a esquerda agitar suas bandeiras para conquistar sua adesão- o melhor entendimento, sobre este aspecto particular de formação ideológica juvenil, é o de Karl Mannheim, para quem a juventude não é nem progressista, nem conservadora. É uma enorme potencialidade em disputa. E é neste sentido que a cultura se investe de enorme valor na definição do modo de ser a juventude, em sua visão de mundo e em sua prática social e política.
Enquanto a direita prega, a seu modo, o fim da ideologia, as organizações de esquerda tem, em contrapartida, a tarefa de retomada do valor do conhecimento, da relação dialética entre as culturas popular e erudita, da relação do homem com a natureza e, assim, do espírito crítico e autocritico como um todo.
Trata-se de apostar na formação intelectual crítica da juventude, elemento importante para o que Gramsci chamou de luta contra hegemônica. Embate de idéias e valores, sim! Mas enraizado na vida real das lutas entre as classes, que hoje não podem mais ignorar os temas ecológicos, étnico e de gênero. Questões estas, entretando, que só encontram sentido radical se vinculados ao projeto de uma luta mais geral.
A exigência da crítica como forma de negação em andamento não deve, porem, soterrar a clareza de que mais importante que aferir moralmente o grau imediato de politização da juventude é decifrar dialeticamente o significado social e político daquilo que a juventude está expressando à sociedade hoje. A percepção dessas culturas juvenis como modos contraditórios, porem legítimos, de ser/existir na sociedade capitalista, é um pressuposto para com elas dialogar a cultura de intervenção que vem da crítica teórica.
Do ponto de vista da emancipação, a relevância hitórica do binômio juventude-cultura está em saber se a resolução do que se chamou aqui de luta por um novo reconhecimento se dará (re)canalizando as energias da rbeldia juvenil em favor do próprio sistema, ou se se requalificará substancialmente, convertendo-se em necessidade radical, a qual, constitui uma demanda cuja exigência qualitativa não pode mais ser satisfeita nos marcos da sociedade capitalista.

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